Me lembro de quando fui convocado para a guerra. Minhas
pernas tremeram. Caí duro no chão. Minha mãe me balançava e gritava
desesperada, chorando. Com a carta nas mãos. Com suas lágrimas manchando minha
sentença.
Tinha dezoito anos. Nunca havia conhecido uma mulher. Nunca
havia saído do Texas. E seria mandado para o outro lado do mundo. Para morrer
do outro lado do mundo.
Me lembro dela chorando, naquele e em muitos outros dias. Me
lembro que ela sempre repetia: filho, quando o pior começar, não seja corajoso.
Procure um lugar seguro.
Essa frase ribombava na minha cabeça todos os dias, junto com
as lágrimas da minha mãe. Escutava isso enquanto o sargento dava instruções.
Escutava no avião que nos levou ao Vietnam. No acampamento. Nos exercícios.
Essa frase era tão forte na minha mente que, quando fui
chamado para o campo de batalha, não tive qualquer pudor de parecer covarde.
Fui até o sargento e implorei: por favor, eu só tenho dezoito anos. Sou filho
único, minha mãe é viúva. Sou tudo que ela tem. O senhor poderia me posicionar
num lugar seguro?
O sargento, que era um homem normalmente rude, olhou com pena
para mim. Colocou as mãos nos meus ombros, mirou fundo dentro dos meus olhos e
disse:
- Garoto, eu gostaria muito. Mas, se você não percebeu,
estamos numa guerra. Quando as bombas começam a voar, não há lugar seguro.