Apesar de a rede social insistir para escrevermos porque “tantas pessoas não tem notícias há algum tempo’, ninguém deve andar querendo realmente notícias desse espaço; afinal, se as quisessem,
pediriam!
Mesmo assim resolvi publicar, porque as
eleições se aproximam, e após alguma reflexão, com a valiosa ajuda das
inovadoras ferramentas de “match” eleitoral, descobri as pautas que mais
valorizo no momento, consegui ordená-las (conforme minha escala pessoal de
valores, claro) e assim me orientar na espinhosa missão de escolher
candidatos. Quem achar esse método interessante, poderá utilizá-lo, definindo
sua própria lista de prioridades. E quem já tiver outro método, ao menos poderá
fazer o favor de me poupar de infindáveis questionamentos sobre “por que não
esse”, “por que não aquele”? Leia a lista, por gentileza, e estamos
conversados.
Sem mais delongas, defini como primeiro item para
escolher ou rejeitar candidatos a defesa
dos direitos humanos e das minorias. Até ouço dizer que há quem se sinta
discriminado com programas sociais ou leis voltadas para setores específicos da
sociedade, e admito que possa haver exageros e reparos a fazer em algumas políticas
públicas afirmativas. Mas como homem branco heterossexual de classe média que
estudou em colégio particular e universidade pública, realmente não consigo me
sentir oprimido o bastante para pedir mais direitos e privilégios para mim
mesmo. Se mantiver o que possuo, já estarei mais do que satisfeito.
O segundo item é o fortalecimento
da democracia, da cidadania e das instituições. Confesso que na eleição
majoritária fica mais difícil achar quem nos dê alguma esperança nesse item, e
se torna um jogo de eliminação. Nas proporcionais, contudo, há diversos
candidatos com histórico positivo e propostas que miram, ao menos em tese, o
aumento da participação popular nas decisões do Estado, o efetivo funcionamento
dos freios e contrapesos dos três poderes, e a autonomia das carreiras de Estado
para que possam seguir combatendo os desmandos dos políticos.
Em terceiro, a necessidade de renovação do quadro político. Claro que esse princípio deve ser
relativizado para não punir bons candidatos; se o político escolhido fez jus ao
mandato, não há porque não renová-lo. Mas via de regra, se queremos mudanças,
não faz sentido votarmos nas mesmas pessoas.
Pela mesma lógica, precisamos de candidatos progressistas e reformistas. Se o ser humano fosse por natureza conservador, ainda
estaríamos vivendo em cavernas. Até entendo a atração pelo conservadorismo em
países de alto IDH, mas o que tanto se almeja conservar na sociedade
brasileira? Temos um sistema político podre, uma legislação tributária
invertida e caótica, índices tenebrosos de educação e saúde, desigualdades sociais
profundas. Logo precisamos de reformas, e não só daquelas que retiram direitos,
como a trabalhista e a previdenciária, mas principalmente das que possam modificar
a estrutura do país, como a reforma política.
E a defesa do estado laico? E educação, saúde, segurança,
emprego, justiça social? E o combate à corrupção? E a defesa dos interesses individuais? Sou
servidor, não vou votar em quem quer desmontar o Estado! Sou empresário, não vou
votar em quem proponha aumento de impostos! Nada de errado em pensar em si
próprio, todos fazemos isso. E podemos fazê-lo com a consciência mais tranquila
depois que ordenamos nossas prioridades, quaisquer que elas sejam.
É muito difícil, infelizmente, termos esperança em decisões
racionais quando mais uma vez temos um quadro altamente polarizado, em que
ambos os “lados” acreditam piamente estarem numa batalha do bem contra o mal.
E tão preocupados em liquidar um ao outro não percebemos que, ao fim, liquidados
estaremos todos nós.
Estabelecer critérios objetivos foi o melhor que pude
fazer por mim mesmo para tentar fugir dessa lógica de fratricídio. E que, daqui
a quatro anos, tenhamos perspectivas melhores do que apenas tentar evitar uma
guerra civil e o colapso absoluto da República.