Os minions do cinema são criaturinhas
engenhosas que adoram bananas, e se destacam da multidão pelo formato diminuto,
a marcante cor amarelo-ouro, e os indefectíveis óculos e suspensórios. Por trás
da estética de brinquedinho de lanchonete, porém, eles ocultam um propósito
funesto: a razão da sua existência é servir ao vilão mais terrível que
conseguirem encontrar.
Dificilmente
cruzaremos, ao vivo, com uma só criatura que tenha essa exótica descrição.
Porém, se desprezarmos tais detalhes cosméticos, perceberemos facilmente que estamos
cercados por minions.
Os minions reais, assim como os da ficção,
também parecem à primeira vista inofensivos, e até engraçadinhos. Ah, não acha
que minions reais possam ser cômicos?
Bem, a próxima vez que vir um figurão escoltado por um séquito de bajuladores,
tente imaginar a trupe que o segue, que vive repetindo e aplaudindo tudo o que
ele diz, como um bando de pequenos seres amarelos. É, parecem humanos, mas são minions. E podem até ser engraçados de vez em quando, mas
nada tem de inofensivos. Por trás de cada ditador, sempre existirá uma legião de minions.
Os minions da sétima arte pelo menos possuem
uma atenuante para seu comportamento: servir a um líder faz parte da sua
natureza. Eles não visam qualquer lucro com isso, o fazem apenas por que...
bem, porque é o que os minions devem
fazer.
Os minions de carne e osso não podem usar
essa justificativa. Assim como qualquer outro nascido humano, eles foram
amaldiçoados com o livre arbítrio. Porém, encontram na atitude minion um porto seguro. Em troca do
pequeno sacrifício de abrir mão de quaisquer virtudes e ideias próprias, ganham
acesso a um vasto leque de benefícios materiais, acessíveis apenas àqueles que
sabem como agradar aos poderosos.
Claro que há outras
vantagens em ser minion. Por exemplo,
não se aborrecer com divagações inúteis e julgamentos morais a
cada pequena decisão. Basta seguir o chefe, e não pensar mais nisso. Ele deve
ter razão, afinal, ele é o chefe. E se não tiver razão, bem, ele é o chefe. Depois,
quem se importa em ter razão?
Os minions orgânicos e os de pixels sofrem de forma idêntica ao perder a referência do
líder. Ficam atarantados, abobalhados, até depressivos. A vida parece perder o
sentido. Observá-los assim é curioso, mas não chega a ser engraçado, pois a
tristeza e confusão que as criaturinhas emanam é quase contagiosa. Nesses
momentos, se nos esquecermos do que eles fizeram no verão passado, podemos até
ficar com pena deles. Principalmente se dermos ouvidos ao arsenal de desculpas que
faz parte do kit básico de qualquer minion
contemporâneo: estava apenas cumprindo ordens, não tive culpa, o sistema é
assim mesmo, apenas executei, não tenho nada com isso, a ideia foi dele, não
sabia que isso podia acontecer, blá-blá-blá banaaanaaaas.
Perdoe-os, se for um
bom pagão. Mas é melhor nunca esquecer, porque eles estarão sempre prontos para
fazer tudo de novo. Basta encontrarem um novo malvado para seguir.