segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Clube da Luta



Apesar de a rede social insistir para escrevermos porque “tantas pessoas não tem notícias há algum tempo’, ninguém deve andar querendo realmente notícias desse espaço; afinal, se as quisessem, pediriam!
Mesmo assim resolvi publicar, porque as eleições se aproximam, e após alguma reflexão, com a valiosa ajuda das inovadoras ferramentas de “match” eleitoral, descobri as pautas que mais valorizo no momento, consegui ordená-las (conforme minha escala pessoal de valores, claro) e assim me orientar na espinhosa missão de escolher candidatos. Quem achar esse método interessante, poderá utilizá-lo, definindo sua própria lista de prioridades. E quem já tiver outro método, ao menos poderá fazer o favor de me poupar de infindáveis questionamentos sobre “por que não esse”, “por que não aquele”? Leia a lista, por gentileza, e estamos conversados.
Sem mais delongas, defini como primeiro item para escolher ou rejeitar candidatos a defesa dos direitos humanos e das minorias. Até ouço dizer que há quem se sinta discriminado com programas sociais ou leis voltadas para setores específicos da sociedade, e admito que possa haver exageros e reparos a fazer em algumas políticas públicas afirmativas. Mas como homem branco heterossexual de classe média que estudou em colégio particular e universidade pública, realmente não consigo me sentir oprimido o bastante para pedir mais direitos e privilégios para mim mesmo. Se mantiver o que possuo, já estarei mais do que satisfeito.
O segundo item é o fortalecimento da democracia, da cidadania e das instituições. Confesso que na eleição majoritária fica mais difícil achar quem nos dê alguma esperança nesse item, e se torna um jogo de eliminação. Nas proporcionais, contudo, há diversos candidatos com histórico positivo e propostas que miram, ao menos em tese, o aumento da participação popular nas decisões do Estado, o efetivo funcionamento dos freios e contrapesos dos três poderes, e a autonomia das carreiras de Estado para que possam seguir combatendo os desmandos dos políticos.
Em terceiro, a necessidade de renovação do quadro político. Claro que esse princípio deve ser relativizado para não punir bons candidatos; se o político escolhido fez jus ao mandato, não há porque não renová-lo. Mas via de regra, se queremos mudanças, não faz sentido votarmos nas mesmas pessoas.
Pela mesma lógica, precisamos de candidatos progressistas e reformistas. Se o ser humano fosse por natureza conservador, ainda estaríamos vivendo em cavernas. Até entendo a atração pelo conservadorismo em países de alto IDH, mas o que tanto se almeja conservar na sociedade brasileira? Temos um sistema político podre, uma legislação tributária invertida e caótica, índices tenebrosos de educação e saúde, desigualdades sociais profundas. Logo precisamos de reformas, e não só daquelas que retiram direitos, como a trabalhista e a previdenciária, mas principalmente das que possam modificar a estrutura do país, como a reforma política.
E a defesa do estado laico? E educação, saúde, segurança, emprego, justiça social? E o combate à corrupção? E a defesa dos interesses individuais? Sou servidor, não vou votar em quem quer desmontar o Estado! Sou empresário, não vou votar em quem proponha aumento de impostos! Nada de errado em pensar em si próprio, todos fazemos isso. E podemos fazê-lo com a consciência mais tranquila depois que ordenamos nossas prioridades, quaisquer que elas sejam.
É muito difícil, infelizmente, termos esperança em decisões racionais quando mais uma vez temos um quadro altamente polarizado, em que ambos os “lados” acreditam piamente estarem numa batalha do bem contra o mal. E tão preocupados em liquidar um ao outro não percebemos que, ao fim, liquidados estaremos todos nós.
Estabelecer critérios objetivos foi o melhor que pude fazer por mim mesmo para tentar fugir dessa lógica de fratricídio. E que, daqui a quatro anos, tenhamos perspectivas melhores do que apenas tentar evitar uma guerra civil e o colapso absoluto da República.