sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O lado bom da vida


Marina disse que anunciaria na quinta-feira sua posição no segundo turno, mas já mudou de ideia sobre isso. Lá nos fundos, o Pastor Everaldo continua defendendo o casamento entre homem e mulher. Em primeiro plano, a turma do bico amarelo segue se digladiando com os militantes da estrela vermelha. Porém, mesmo com tudo parecendo igualzinho, o futuro não é mais tão bacana como na semana passada. O elenco da novelinha mais legal de 2014 se reduziu a apenas dois personagens, e agora não tem jeito, vamos ter que assistir a um filme repetido.
Se há um ponto positivo, é que com apenas duas opções fica menos difícil escolher. E não vou ficar em cima do muro. Depois de pouco pensar, enumerei os motivos principais da minha escolha, que agora compartilharei com vocês. É uma lista singela, mas cada uma dessas coisas tornou a minha vida mais plena, divertida e luminosa nos últimos doze anos. Os motivos podem ser um tanto egoístas, reconheço; mas para quem não gostar deles, eu tenho outros. Sem mais delongas, portanto, apresento as dez coisas que aprendi a amar, ao ponto de não saber como viveria sem elas:
1.  Previsões regulares de hecatombes bíblicas, marcadas sempre para o “ano que vem”, ou, na melhor das hipóteses, para o próximo mandato presidencial. Se eles não transformaram isso aqui na Coréia do Norte até hoje, dos próximos quatro anos não passa!
2. O sentimento renovado de alívio, ano após ano, quando a tão esperada catástrofe não chega. O apocalipse zumbi, por enquanto, continua só em "The Walking Dead".
3. Olavetes e constantinetes se borrando de medo da “ameaça comunista”, da “revolução bolivariana”, e de praticamente qualquer coisa pintada de vermelho. Mesmo que seja uma ciclovia.
4. O compartilhamento em loop infinito do vídeo em que o Barbudão declara que sempre foi preguiçoso e nunca gostou de estudar. Quem pode ficar um dia sem ver de novo esse brilhante e inspirado discurso?
5. Lobão, Roger e Danilo Gentili promovidos a intelectuais, ícones do pensamento liberal. Imagina se voltássemos aos anos 80 no DeLorean de Marty McFly para anunciar que Lobão se tornará um filósofo, ainda por cima, de extrema-direita. Imponderável, inacreditável, fantástico.
6. A eternização dos efeitos benéficos das reformas mágicas do catedrático FHC, que continuam mantendo o país de pé até hoje.
7. As sentenças quilométricas e rocambolescas da Presidenta. Tudo bem que a Marina se expressa de forma ainda mais incompreensível, mas com muito menos classe. E, ademais, ela já foi jogada pra escanteio mesmo.
8. Como decorrência direta do item anterior, o advento da bem afortunada Patrulha em Defesa da Língua Portuguesa, sempre pronta a pegar no pé da estimada líder a cada erro de concordância. No tempo da minha avó, isso se chamava falta de serviço. Mas, com o excesso de benefícios assistenciais sustentando a população ociosa, hoje sobra tempo até pra isso.
9. O aumento do nível de exigência da sociedade, evidenciado na crescente revolta de pessoas que andam de carro zero, viajam pro exterior duas vezes ao ano, mas vivem reclamando que o país está no buraco.
10. A manutenção dos baixos índices de desemprego. O que fariam, em um novo governo, esse monte de colunistas que ganham a vida só falando mal do PT? Veríamos um fechamento generalizado de revistas, sites, jornais, pela falta absoluta do que publicar. Acho que nem na época da ditadura tivemos uma ameaça tão iminente aos nossos veículos de mídia.
Enfim, malgrado meus vieses pessoais, não creio que a nossa sociedade esteja preparada para abandonar a petefobia. Ou, de repente, sou apenas eu não querendo ficar sem toda essa diversão. Mas, seja pela minha própria felicidade ou pelo bem geral da nação, já resolvi que no dia 26 vou sair de vermelho.


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