Marina disse que
anunciaria na quinta-feira sua posição no segundo turno, mas já mudou de ideia
sobre isso. Lá nos fundos, o Pastor Everaldo continua defendendo o casamento
entre homem e mulher. Em primeiro plano, a turma do bico amarelo segue se
digladiando com os militantes da estrela vermelha. Porém, mesmo com tudo
parecendo igualzinho, o futuro não é mais tão bacana como na semana passada. O
elenco da novelinha mais legal de 2014 se reduziu a apenas dois personagens, e
agora não tem jeito, vamos ter que assistir a um filme repetido.
Se há um ponto
positivo, é que com apenas duas opções fica menos difícil escolher. E não vou
ficar em cima do muro. Depois de pouco pensar, enumerei os motivos principais
da minha escolha, que agora compartilharei com vocês. É uma lista singela, mas
cada uma dessas coisas tornou a minha vida mais plena, divertida e luminosa nos
últimos doze anos. Os motivos podem ser um tanto egoístas, reconheço; mas para
quem não gostar deles, eu tenho outros. Sem mais delongas, portanto, apresento
as dez coisas que aprendi a amar, ao ponto de não saber como viveria sem elas:
1.
Previsões regulares de hecatombes bíblicas, marcadas sempre para o “ano
que vem”, ou, na melhor das hipóteses, para o próximo mandato presidencial. Se
eles não transformaram isso aqui na Coréia do Norte até hoje, dos próximos
quatro anos não passa!
2. O
sentimento renovado de alívio, ano após ano, quando a tão esperada catástrofe
não chega. O apocalipse zumbi, por enquanto, continua só em "The Walking
Dead".
3.
Olavetes e constantinetes se borrando de medo da “ameaça comunista”, da
“revolução bolivariana”, e de praticamente qualquer coisa pintada de vermelho.
Mesmo que seja uma ciclovia.
4. O
compartilhamento em loop infinito do vídeo em que o Barbudão declara que sempre
foi preguiçoso e nunca gostou de estudar. Quem pode ficar um dia sem ver de
novo esse brilhante e inspirado discurso?
5.
Lobão, Roger e Danilo Gentili promovidos a intelectuais, ícones do pensamento
liberal. Imagina se voltássemos aos anos 80 no DeLorean de Marty McFly para
anunciar que Lobão se tornará um filósofo, ainda por cima, de extrema-direita.
Imponderável, inacreditável, fantástico.
7. As
sentenças quilométricas e rocambolescas da Presidenta. Tudo bem que a Marina se
expressa de forma ainda mais incompreensível, mas com muito menos classe. E,
ademais, ela já foi jogada pra escanteio mesmo.
8. Como
decorrência direta do item anterior, o advento da bem afortunada Patrulha em
Defesa da Língua Portuguesa, sempre pronta a pegar no pé da estimada líder a
cada erro de concordância. No tempo da minha avó, isso se chamava falta de
serviço. Mas, com o excesso de benefícios assistenciais sustentando a população
ociosa, hoje sobra tempo até pra isso.
9. O
aumento do nível de exigência da sociedade, evidenciado na crescente revolta de
pessoas que andam de carro zero, viajam pro exterior duas vezes ao ano, mas
vivem reclamando que o país está no buraco.
Enfim,
malgrado meus vieses pessoais, não creio que a nossa sociedade esteja preparada
para abandonar a petefobia. Ou, de repente, sou apenas eu não querendo ficar
sem toda essa diversão. Mas, seja pela minha própria felicidade ou pelo bem
geral da nação, já resolvi que no dia 26 vou sair de vermelho.
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