terça-feira, 29 de abril de 2014

Ó, vida! Ó, azar!



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O grande problema dos liberais é que eles não “pegam” mulher. Não, não sou eu quem está dizendo. Esta foi a tese defendida num artigo recente de certo filósofo que, dizem por aí, é um dos gurus da “direita” brasileira.
O texto viralizou rapidamente na rede, mas cada compartilhamento era acompanhado de duras e injustas críticas, vociferadas por mentes menores e invejosas.
Para alcançarmos o pensamento superior do filósofo, urge lembrar que ser tosco é uma arte. Não podemos afirmar com certeza que foi proposital, que o autor pretende se tornar o Ed Wood da crônica. Mas não podemos tampouco desprezar seu talento. O escriba atingiu um grau de infelicidade e bizarria tão único que suas linhas escaparam dos guetos da intelligentzia liberal e foram catapultadas diretamente para as mais seletas antologias.
O mais curioso é que as críticas se focaram, basicamente, na importância conferida pelo autor ao fato dos liberais serem "lisos". Na visão dos detratores, as dificuldades de interação amistosa com o sexo oposto não seriam assim tão prejudiciais como alega o filósofo. E o que há de curioso nisso? Ora, que nem se cogitou argumentar contra a premissa base: os caras realmente não pegam ninguém.
Bem, se o fato não é contestado, é incontroverso. O autor, porém, se debruçou mais a louvar as qualidades da esquerda festiva do que em apontar os motivos que poderiam estar empacando a vida sexual da direita... qual seria o contraponto de esquerda festiva? Direita depressiva? Liberais sorumbáticos? Ou a popular direita raivosa?
Confesso que, superada a vergonha de não ter coisa melhor em que pensar, comecei a matutar: porque será que esse pessoal tem tanta dificuldade para cumprir um rito tão tradicional da nossa espécie? Na falta de pesquisas científicas confiáveis sobre o tema, resolvi consultar um especialista, cujo nome será mantido em sigilo.
Apesar de faltar ao meu especialista arcabouço filosófico, ele traz ao debate elementos empíricos, que, como vimos, são um tanto inacessíveis para o autor e seus amigos. Em resumo, ele disse que as mulheres gostam de:
  • Ser ouvidas – e não adianta só fingir que está ouvindo, tem que ouvir e se importar;
  • Ser valorizadas e respeitadas;
  • Se divertir.
Claro que estamos trabalhando no atacado, com generalizações, e focando apenas no básico. Mas confiem: quem sabe ouvir, demonstra respeito e interesse, e ainda consegue ser divertido, este só terá dificuldades reprodutivas se for especialmente desfavorecido pela natureza.
Conclui-se, portanto, que o homem, para alcançar sucesso em suas tentativas de atrair fêmeas para a conjunção carnal, precisa demonstrar, no mínimo, empatia, sensibilidade, educação, e bom humor.
Infelizmente, as restrições orçamentárias do blog não permitem que façamos uma acurada pesquisa com os “jovens liberais” para verificar se eles estariam carentes dessas habilidades (porque carentes de outras coisas já sabemos que eles estão). Mas podemos improvisar: no próprio texto do autor, e em outros publicados por seus pares, é possível encontrar indícios do grau de maestria dos “pensadores” no relacionamento com o sexo oposto.
Iniciemos com o filósofo, dando aula nos quesitos "respeito" e "valorização". O intelectual qualifica as mulheres como cabeças de vento, que seriam facilmente seduzidas pela poesia iconoclasta da tal esquerda festiva. Elas não estariam preparadas para o contato com os liberallis superiors, que precisariam aprender a operar num nível inferior de consciência para se relacionarem de igual para igual com os objetos do experimento.
Antevejo problemas de ordem prática para seguirem esse conselho: não imagino como eles possam alcançar um nível inferior àquele em que já estão. Mas vamos adiante. 
Nosso segundo exemplo, assim como o filósofo, também é adepto do quanto pior, melhor, e recentemente ganhou indigitada exposição por conta de uma “carta aberta” para uma atriz global, que acabara de ser vítima de assalto a mão armada e cárcere privado em sua própria residência.
O articulista inicia sua epístola com elogios à beleza da atriz (nada mal por enquanto), e em seguida tenta impressioná-la com sua pretensa superioridade intelectual, oferecendo inclusive um exemplar autografado do seu livro sobre culinária. As coisas já não parecem caminhar bem para o lado do novo ícone do liberalismo, quando ele tira uma carta inesperada da manga: uma mensagem comovente para a atriz, ainda abalada pelo traumático episódio. Eu os pouparei de ler: em resumo, o que ele tinha a dizer para a bela e ainda chorosa vítima era: “bem feito!”.
(minuto de silêncio)
Modestamente, acho que eu pensaria em maneiras melhores de consolar uma mulher que passou a noite com uma arma apontada pra cabeça.
Mas não vamos desistir deles ainda. O que não falta aos “jovens liberais” é guru, e vejam que achado, um deles escreveu um texto chamado “como agradar as mulheres”. Lendo os ensinamentos do Guru-Rei, podemos entender porque seu discípulo demonstra a sensibilidade de um viciado em lidocaína: o Rei decreta que “quem curte homem sensível é outro homem”.
Empatia e sensibilidade, realmente, não fazem parte do repertório desses senhores. Mas e quanto à educação e bom humor?
Para que não nos acusem de perseguição, busquemos um novo modelo para o quesito educação. Este se notabilizou por chamar o Presidente da República de anta. É o tipo de coisa de que eles acham graça, imagino.
E não acabou. A piada maior vem de outro assim dito filósofo, que lançou um tomo destinado a ensinar as pessoas a não serem idiotas. Esse tipo de humor, até entendo: ele chama todo mundo de idiota, e seus discípulos ainda formam fila para comprar o livro. Se eu trabalhasse numa livraria, acho que não resistiria em abordar os compradores: “Por favor, depois que ler, me avisa se funcionou?”

Creio que a pesquisa foi suficiente. Já podemos visualizar um cenário idílico: os cinco iluminados, num terraço de New York (porque eles também odeiam o Brasil), rindo garbosamente enquanto escolhem os próximos em quem irão pisar para criar polêmicas e inventam novos termos chulos, com eventuais pausas para se gabarem de sua grande potência mental. Tudo temperado pela saudável fumaça de charutos da República Dominicana (Havana, jamais!).

É forçoso concluir que, inobstante sua renomada sapiência, o filósofo deve ter errado o alvo desta vez. Que mulher não se encantaria por pessoas tão simpáticas e agradáveis?




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